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quinta-feira, 1 de abril de 2010

A histeria da vacina


A histeria da vacina é uma tendência a não confiar na vacinação que é quase tão antiga quanto a prática em si mesma. Figuras anti-vacinação culpam as vacinas ou seus ingredientes por várias moléstias (comumente doenças infantis) cujos mecanismos de ação ainda não são plenamente compreendidos. A universalidade da vacinação geralmente a torna um alvo fácil para se jogar a culpa.
Ao longo da história, doenças que podem ser prevenidas através da vacinação têm sido uma das grandes causas de doença, morte e sequelas. O advento da era da vacina moderna mudou isto significativamente. De fato, a maior parte das pessoas em países com sistemas de saúde estabelecidos têm escassa lembrança da era pré-vacina, onde doenças como caxumba e sarampo eram muito comuns.
Recentemente tem havido muito debate na imprensa e em consultórios médicos sobre a segurança da vacinação – isto é, quais efeitos colaterais a vacinação pode causar e se eles superam os riscos de abandonar o programa de vacinação. Já se associaram as vacinas a todo tipo de problemas: o autismo é um exemplo bem conhecido, uma vez que suas causas diretas ainda são razoavelmente misteriosas e provavelmente amplas, sem a identificação de nenhuma causa ou estilo de vida em particular.
Algumas celebridades têm se manifestado veementemente sobre o suposto perigo das vacinas. [1]


Premissa

Há diversas crenças, sem o apoio de evidência científica aceita, de que as vacinas sejam inerentemente prejudiciais. Alega-se que vacinas específicas, como a tríplice MMR, ou ingredientes específicos, como o Thimerosal, seriam fatores que causam eles mesmos doenças.
Outras alegações são mais vagas, baseadas na impressão de que vacinas são "artificiais", de que são de alguma forma "inúteis" ou que as doenças que previnem "não são tão ruins assim". Há, claro, dados publicados bem fundamentados sobre as taxas de complicação de vacinas e estes dados desempenham um papel essencial no processo de aprovação pelo qual vacinas devem passar para que sejam licenciadas para venda e recomendadas para uso. [2]
Quando confrontados com isto, ativistas anti-vacinação costumam argumentar que o sistema para detectar problemas não é suficientemente robusto, resultando em números incorretos. A realidade é que efeitos colaterais inesperados podem ocorrer, assim como um pára-quedas pode falhar em abrir, mas o processo de regulamentação garante que tais eventos sejam raros.
A crença pseudocientífica nos malefícios inerentes da vacina dificilmente devem desaparecer tão cedo, apesar da evidência que comprove a eficácia e a segurança das vacinas. Ela possui vários fatores importantes que a tornam uma crença duradoura:
  1. Envolve perigo a crianças;
  2. Envolve ciência que a maior parte das pessoas não entende;
  3. É aterrorizante;
  4. Parece, à primeira vista "fazer sentido", especialmente para dar sentido a uma tragédia de outra forma inexplicável.
Para que as recomendações de vacinação por governos ou instituições consultoras, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), mudem para uma posição anti-vacinação, deve ser plenamente demonstrado que os danos causados diretamente pela vacina são maiores do que os danos causados por retirar a vacina de circulação. Isso precisa ser demonstrado ao nível da população, com estatísticas sólidas e significativas.

Impacto da doença na era pré-vacina

Em resumo: é mais provável sofrer complicações advindas de uma doença do que de uma vacina.
As crianças que contraem sarampo, por exemplo, têm 1 chance em 20 de desenvolver uma complicação séria, enquanto complicações sérias da vacina giram em torno de 1 ou 2 por milhão, de acordo com o Instituto para a Segurança da Vacina da Universidade Johns Hopkins. [3]
Antes dos programas de imunização, era extremamente comum que crianças contraíssem doenças como o sarampo. Em 1970 no Brasil, o registro oficial do Ministério da Saúde foi de 109.125 casos. Em 1992 foi instituído o Plano de Controle e Eliminação do Sarampo, com a Campanha Nacional de Vacinação, que abrangeu mais de 48 milhões de crianças, ou 96% da população que se pretendia atingir. Os casos registrados diminuíram rapidamente, e em 1995 já não houve registros de surtos de sarampo. [fonte]
Historicamente, a taxa de mortalidade por sarampo tem sido de cerca de 1 a 3 mortes por cada 1.000 casos, com crianças pequenas sofrendo as maiores taxas de mortalidade. [5] A maioria das mortes ocorrem em conseqüência de pneumonia ou encefalite. [6] Milhares de vidas foram poupadas pela vacina.




Tivemos 2.564 casos de pólio notificados em 1979, e 1.290 em 1980, quando se iniciaram as campanhas nacionais de vacinação. Em 1981, foram apenas 122 casos notificados. Como resultado da vigilância epidemiológica ativa e das altas coberturas vacinais, a partir de 1988 o Brasil rumou firme para a erradicação da doença, afinal certificada pela OMS em 1994.

[Fonte: Ministério da Saúde, “30 anos do Programa Nacional de Imunizações”]
As taxas de complicação das vacinas são tão baixas que os benefícios das vacinas para cada criança individual mais do que superam em muito o risco de um mau resultado. Por exemplo, o CDC americano compila as taxas de risco da doença versus risco de vacinação. [9] Para a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola), estes são os dados:
Taxas de Complicação do Sarampo:
Por caso de sarampo.
  • Pneumonia: 6 em cada 100
  • Encefalite: 1 em 1.000
  • Morte: 2 em 1.000
  • Síndrome da Rubéola Congênita: 1 em 4 (se a mulher é infectada no início da gravidez)
Taxas de Complicação da Vacina Tríplice:
Por injeção dada.
  • Encefalite ou reação alérgica grave: 1 em 1.000.000


Preocupações Específicas

Timerosal (também conhecido como Thimerosal ou Thiomersal)





Estrutura molecular do Thimerosal: nesta fórmula o elemento ‘Hg’ é o temido átomo de Mercúrio que causa a maior parte da controvérsia.
O Thimerosal é um composto que contém mercúrio usado como um elemento conservante em diversas vacinas. O fato de que alguns compostos contendo mercúrio serem tóxicos tem levado alguns a concluir que as vacinas contendo Thimerosal são perigosas. Muitos compostos de mercúrio – particularmente aqueles com ligações entre as moléculas de carbono e mercúrio – são neurotoxinas, tais como o mercúrio di-metila (dimethylmercury).[10] Embora se for ingerido em largas doses o Thimerosal possa ser tóxico, um estudo conduzido em 2002 indicou que os níveis de Mercúrio em crianças que receberam vacinas preservadas por uma quantidade apropriada de Thimerosal estavam baixos, alguns níveis estavam tão baixos que não puderam ser medidos. As concentrações sanguíneas de mercúrio estavam abaixo das diretrizes consideradas seguras. A quantidade de mercúrio em amostras de fezes estava acima dos níveis normais, embora isto seja um indicador que o corpo estava eliminando o Thimerosal, e não o acumulando. [11][12]
A maior preocupação sobre o Thimerosal deriva da analogia com o metil-mercúrio, um composto de mercúrio bem caracterizado. Mas é incerto se sua real farmacologia é similar a do Thimerosal – afinal, o etanol e o metanol são moléculas extremamente similares as quais tem efeitos muito diferentes no corpo humano. Estudos iniciais de farmacocinética indicam diversas diferenças entre o metil-mercúrio e o Thimerosal.[13] A quantidade de Thimerosal efetivamente presente em vacinas é relativamente baixa e o mais importante é que há estudos de larga escala disponíveis que têm mostrado a ausência de  evidência de danos.[14]
Como aponta o biólogo doutorando em evolução de HIV-1, Atila Iamarino, autor do “Rainha Vermelha”, “a quantidade de mercúrio contido no timerosal da vacina (utilizado como conservante) é de 1,25 a 25 μg por dose, menos do que a dose diária máxima, e muito menos do que você consumiria se comesse uma porção de cação em São Paulo (PDF)”.

Autismo

Tem havido muitas preocupações sobre uma possível ligação entre o autismo e as vacinas, particularmente a vacina tríplice MMR – contra sarampo, caxumba e rubéola – no Reino Unido e o Thimerosal, um conservante encontrado em algumas vacinas contra a influenza.[24] Parte destas preocupações são devidas a um possível aumento de diagnósticos de autismo ao longo das últimas décadas – a maior parte destes levantados por pais de crianças autistas e por americanos proeminentes tais como Jenny McCarthy.
Mais freqüentemente, as evidências dadas por aqueles que pregam estas ligações aludidas são indiretas ou até cômicas. Quando tais grupos tentam ser científicos, eles citam ligações entre a exposição ao etil-mercúrio (ethylmercury) e outros problemas neurológicos que estão fora da área de administração de vacinas. Por exemplo, de acordo com uma das fontes, “Em 1977, um estudo russo descobriu que adultos expostos a concentrações mais baixas de etil-mercúrio (ethylmercury) que aquelas dadas as crianças americanas ainda sofriam de danos cerebrais, anos mais tarde".[25]
O argumento seguinte, não citado, dá evidências cômicas de uma ligação entre o etil-mercúrio (ethylmercury) e “danos cerebrais”. É muito difícil avaliar declarações sem citações, mas as evidências extraordinárias da literatura médica são claras. Estas declarações ajudam a aumentar os temores da população, mas não fazem menções sobre vacinas ou pacientes de verdade. Certamente, estas declarações não mencionam estatísticas. No mesmo artigo encontramos:


“Você não poderia nem construir um estudo que mostre que Thimerosal é seguro”, disse Haley, que lidera o departamento de química na Universidade de Kentucky. “Trata-se de um composto extremamente tóxico. Se você injetar Thimerosal em um animal, seu cérebro irá adoecer. Se você o aplicar em um ser vivo, as células irão morrer. Se colocar em uma placa de petri, a cultura morre. Sabendo disso, deve ser chocante que alguém possa injetar isto em uma criança sem causar danos.”

Em verdade, diversos estudos baseados em populações, muito bem realizados, têm sido conduzidos tratando da ligação entre o autismo e as vacinações. Acredita-se que estes estudos não tenham sido amplamente divulgados uma vez que é notório que fatos óbvios não causam tanta ressonância na consciência pública quanto as anedotas e histórias dramáticas vindas de "cidadãos preocupados" e organizações interessadas.
Estes estudos particulares têm observado populações reais verdadeiras, em condições da vida real verdadeiras, expostas às substâncias em questão verdadeiras. Nenhum jamais mostrou alguma conexão entre o autismo e o conservante Thimerosal ou a vacina tríplice MMR. Há evidências relevantes de que tanto as vacinas MMR quanto as que contêm Thimerosal não possuem um papel efetivo no desenvolvimento do autismo. [26][27][28][29][30][31][32]
A vacina tríplice é segura e múltiplos estudos independentes da PolôniaDinamarcaFinlândia, o próprio Reino Unido e Japão provam que e não possui qualquer relação com o autismo – no Japão, a tríplice foi interrompida após 1993, sem qualquer efeito sobre os índices de autismo.
Um estudo de menor porte, publicado no The Lancet em 1998, tornou-se famoso por volta de 2000-2002 quando a mídia inglesa tomou conhecimento do mesmo. Este estudo propôs uma suposta ligação entre a vacina contra sarampo e o autismo com base na minúscula amostra de apenas 12 crianças.
Isto levou ao escritor sobre ciências e colunista do Guardian Ben Goldacre a alegar que se tratava de um “embuste da mídia sobre a MMR” [33] , ao referenciar estas evidências sobre a ligação como tão fracas que poderiam ser bem descritas como uma farsa.
O artigo foi parcialmente desmentido alguns anos mais tarde, mas continuou sendo citado com freqüência como caso de estudo, apesar das evidências contrárias (incluindo um estudo de grande porte nas taxas de autismo em adultos que não teriam sido inoculados com a vacina MMR).
Finalmente, em 2 de fevereiro de 2010 este estudo foi “descartado” pela mídia, depois que se descobriu que o autor do estudo, Andrew Wakefield, havia se comportado de forma anti-ética. Especificamente, Wakefield foi considerado culpado de tão ter agido de acordo com as melhores práticas da medicina com as crianças alvo de sua pesquisa (uma das crianças foi severamente machucada). Além disso ele não havia revelado seu prévio envolvimento em grupos anti-vacinação antes de realizar o estudo e antes deste tornar-se notícia.[34]
Seria cômico se não fosse trágico: Também se descobriu que Wakefield estava em verdade tentando patentear sua própria vacina tríplice alternativa.
Em parte como resultado da histeria provocada por Wakefield, a imunização tríplice diminuiu, e surtos de sarampo ressurgiram no Reino Unido.



Esqualeno

O esqualeno presente nas vacinas não é tóxico. O esqualeno é utilizado para estimular o sistema imune e aumentar a eficiência da vacina. Nosso corpo produz esqualeno como parte de seu funcionamento e há esqualeno no seu sangue neste momento. O óleo que cobre o seu corpo também possui esqualeno. A quantidade de esqualeno deixada em nossas impressões digitais é tanta que é fácil quantificar a concentração de esqualeno no seu mouse. Não é de se espantar que comidas de origem animal contenham esqualeno. Esqualeno também é utlizado em cosméticos como cremes e batons.
A história de que o esqualeno nas vacinas é tóxico tem data de início. Entre 2000 e 2002, um grupo de pesquisadores publicou dois artigos (1 e 2) mostrando que soldados que apresentavam a Síndrome da Guerra do Golfo possuíam anticorpos anti-esqualeno. A hipótese do grupo era de que o esqualeno presente nas vacinas contra o antrax dadas aos soldados estaria provocando a formação de anticorpos anti-esqualeno nos soldados, o que provocaria a Síndrome da Guerra do Golfo. No entanto, pesquisas posteriores mostraram que a pesquisa tem sérios problemas experimentais.
Mais informações podem ser conferidas no texto do biólogo da USP Carlos Hotta.

Alergia a Ovos

Segundo o CDC, traduzido pelo Ecce Medicus:


"Perguntar se a pessoa tem algum efeito após comer ovos ou alimentos preparados a base de ovos é um bom método de saber quem pode ter riscos ao usar a vacina. Pessoas com sintomas como chiados, vergões pelo corpo, inchaço nos lábios e língua e desconforto respiratório após ingerirem ovos e derivados, devem consultar um médico para uma avaliação apropriada. Pessoas que têm a hipersensibilidade às proteínas do ovo documentada (dosagem da IgE), incluindo as que têm asma ocupacional associada à exposição à proteína do ovo, também podem ter risco aumentado de desencadear reações alérgicas à vacina contra influenza e uma consulta com um médico antes da vacinação deve ser considerada."

O doutor completa: “Há estudos mostrando ser seguro aplicar a vacina da influenza sazonal – que tem o mesmo processo de fabricação – em crianças. Recomendo fortemente uma consulta ao médico responsável pela criança para avaliação da relação risco/benefício em se tomar a vacina sendo alérgico à proteína do ovo”.

EM (Esclerose Múltipla)

Preocupações têm sido levantadas sobre a conexão entre a esclerose múltipla e as vacinas, especialmente a vacina contra a Hepatite B. Um dos diversos estudos realizados mostrou uma ligação potencial [15], mas ocorreram problemas metodológicos [16] e a maior parte dos demais estudos falharam em demonstrar uma efetiva ligação. [17][18] A publicação mais recente da CDC sobre o tema cita 15 estudos distintos mostrando que não há ligação entre a esclerose múltipla e a vacina contra a Hepatite B.[19]

SMSI (Síndrome da Morte Súbita Infantil)

Há suspeitas de que a vacina DPaT pode causar a SMSI (Síndrome da Morte Súbita Infantil), a qual faz com que crianças parem de respirar e morram.[20] Entretanto, os estudos não têm mostrado a conexão entre SMSI e as vacinas DPT/DPaT.[21] Estudos recentes têm identificado anormalidades no desenvolvimento e funcionamento da serotonina medular (5-hidroxitriptamina ou 5-HT) no cérebro do recém falecido em casos de SMSI, o que sugere a ocorrência de disfunção no sistema nervoso autônomo (SNA) mediado pela 5-HT para os casos de SMSI.[22][23] Isto basicamente determina que a SMSI tenha um forte componente genético e predomine em famílias com problemas de recaptação neuronal da serotonina, o qual impossibilita que a criança se mova enquanto suas vias aéreas fiquem eventualmente bloqueadas enquanto está dormindo.
As pesquisas sobre a SMSI em andamento têm posto de lado estas supostas ligações da SMSI com as vacinas.

SBS (Shaken baby syndrome)

Um pequeno grupo de pessoas tem tentado associar a síndrome “Shaken Baby Syndrome” com as vacinações infantis. Os “estudos” que têm sido publicados são bastante fracos. A maioria está disponível para consulta apenas on-line a partir de fontes não reconhecidas, e estão “baseados em experiências pessoais dos autores…” [35] O resto das “evidências” está baseado em testemunhos pessoais de pais e médicos diretamente envolvidos. [36][37] Estas idéias estão bem depuradasaqui.

Cervarix (HPV)

Preocupações a respeito da segurança da vacina Cervarix (GlaxoSmithKline) contra o HPV (Vírus do Papiloma Humano) surgiram quando uma jovem inglesa morreu após ter sido vacinada. A história foi imediatamente divulgada por grupos anti-vacina e amplamente noticiada na mídia em geral e na mídia alarmista. Posteriormente comprovou-se que a morte foi devida a um tumor diagnosticado. Mas a mesma mídia que clamava por mais investigações sobre o incidente ignorou esta conclusão. Sem dúvida, uma grande parte da população britânica ainda acredita que a jovem morreu devido a uma reação direta à vacina. Blogs e organizações anti-vacina, naturalmente, alegaram que a conclusão envolvendo o tumor também fazia parte de uma conspiração.

Vacinas intencionalmente contaminadas

Um número crescente de muçulmanos acredita que as companhias farmacêuticas ocidentais têm deliberadamente contaminado as vacinas contra poliomielite usadas em seus países. Eles acreditam que as potências do Ocidente usam as vacinas secretamente para espalhar a AIDS e/ou propagar infertilidade entre muçulmanos.
Infelizmente essa onda de histeria em massa tem levado a um agudo declínio nas vacinações de poliomielite e um quase idêntico aumento nos casos desta doença nos países islâmicos. [38] O governo nigeriano contribuiu para o aumento da histeria banindo todas a vacinas contra poliomielite em fevereiro de 2004.[39]
Isto não está limitado ao mundo em desenvolvimento. Eustace Mullins escreveu um artigo reivindicando que a vacina contra a poliomielite era uma conspiração judaica para gerar o envenenamento-em-massa das crianças americanas. [40]
Em correntes de email, circula já há alguns anos a história de que a vacinação contra rubéola promoveria esterilização em massa. A mensagem é outro amontoado de teorias conspiratórias com informações falsas, buscando disseminar o medo e levando diretamente à doença e mesmo morte muito concreta de várias pessoas. A médica Marília Mattos Bulhões, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, refuta também as mentiras sobre a vacinação em uma entrevista.
Sunday Express ajudou a alardear o medo sobre a vacina quando – só se pode presumir que deliberadamente – citou incorretamente a Dra. Diane Harper, atribuindo a ela a declaração que a vacina era “tão mortal quanto o câncer”. Na verdade, praticamente cada uma das declarações, presentes na primeira página do jornal e atribuídas à Dra. Harper, eram falsas. Indo desde o que a Dra. realmente disse, até o seu verdadeiro nível de envolvimento com a vacina. No melhor e verdadeiro estilo “tablóide”, eventuais retratações foram sepultadas e esquecidas.

 

Na mídia, hoje

A vacina contra a gripe H1N1 é um assunto fervilhante entre os que são contra a vacinação, movido pelos temores de que a vacina possa não ser segura (temores estes alimentados pelos relatórios de efeitos colaterais da vacina contra a gripe suína, em 1976), dando margem a teorias conspiratórias de que a nova vacina faria parte de um plano para controlar a superpopulação.
Se assim fosse, seria um plano muito mal-sucedido. Segundo o relatório do Centro Europeu para Prevenção e Controle da Doença, traduzido pelo Ecce Medicus, “baseado em informações recebidas de 16 países, a OMS estima que por volta de 80 milhões de doses da vacina pandêmica foram distribuídas e aproximadamente 65 milhões de pessoas foram vacinadas. Campanhas de vacinação globais têm se utilizado de vacina com e sem adjuvantes, com vírus atenuados e inativados (este último grupo não licenciado na Europa). Apesar da intensa monitorização sobre a segurança das vacinas, todos os dados compilados até o momento, indicam que as vacinas pandêmicas gozam do mesmo excelente perfil de segurança que as vacinas sazonais, as quais tem sido utilizadas por mais de 60 anos”.



Reino Unido

Mais recentemente, uma ligação entre a vacina tríplice MMR e o autismo (mencionado acima) chegou às manchetes do Reino Unido, depois que Andrew Wakefield, o principal autor de um artigo sugerindo tal ligação, foi considerado culpado de conduta anti-ética. Apesar da decisão se referir à sua conduta ética na pesquisa científica, a qual já vinha sendo questionada por vários anos (um “conflito de interesses” foi levantado em 2004, três anos após ele ter deixado o Royal Free Hospital em circunstâncias controversas), a mídia britânica decidiu também dizer que o trabalho de Wakefield “estava sendo desacreditado”.
Se conhecessem o trabalho original de Wakefield saberiam que a série de estudos envolvendo 12 casos clínicos nunca recebeu crédito suficiente para poder ser desacreditado. Provavelmente por causa do excesso de publicidade, The Lancet – a principal revista médica a publicar a pesquisa –publicou uma completa retratação em fevereiro de 2010.

EUA

Nos Estados Unidos existe um conjunto de leis que varia de estado para estado. Existe uma diferença entre “recomendação de vacinação” e “obrigatoriedade (legal) de vacinação”. Enquanto o CDC (Centro de Controle de Doenças) e a Academia Americana de Pediatria recomendam que todas as crianças sejam vacinadas com a vacina tríplice MMR, alguns estados exigem legalmente que as crianças sejam vacinadas apenas contra a rubéola e o sarampo. Nestes estados os pais têm a opção legal de não vacinar contra a caxumba. Na maioria dos estados é possível também ser declarado isento da vacinação ou revacinação se mostrar uma prova de imunidade. O sujeito pode ir em um laboratório privado e, através de uma amostra de sangue, verificar se a concentração de anticorpos circulantes é alta o bastante para comprovar imunidade contra alguma doença, dispensando-o da vacinação.
Existem também “isenções legais” (filosóficas, religiosas ou médicas) que permitem ao cidadão burlar a vacinação obrigatória.
No entanto, muito recentemente, pais foram assediados por burocratas por tentar exercer esse direito. América, Terra da Liberdade.


Conclusões

A despeito da histeria e da cobertura da mídia, não há provas ligando as vacinas em uso a problemas médicos sérios. Na verdade, evidências epidemiológicas mostram que as vacinas evitam uma grande quantidade de doenças e mortes no mundo.
Apesar destes fatos, há um grande nível de preocupação com as vacinas. A educação do grande público sobre vacinas e saúde deve continuar, nós devemos continuar a fornecer às pessoas a rigorosa educação científica necessária para que elas possam avaliar melhor os fatos. Se você ainda pensa que as vacinas não são seguras, então você pode também querer pensar sobre muitas outras coisas que também são inseguras, e sempre reconsiderar fazê-las.
Antes de decidir não tomar a vacina contra a gripe H1N1, considere o seguinte:
  1. como se trata de uma variedade nova, é muito fácil pegar o H1N1 se você entrar em contato com alguém doente;
  2. um número alto de pessoas menores de 65 anos são hospitalizadas devido à piora dos sintomas;
  3. você pode até sobreviver à H1N1 mas poderá contaminar outras pessoas que não terão esta sorte.
Ao imunizar-se com a vacina H1N1, você não só evita ficar gripado mas também ajuda a proteger as pessoas que você conhece. Ao não tomar a vacina, você arrisca contaminar alguém sensível ao H1N1! 
Quem é sensível ao H1N1? Grávidas, crianças e pessoas com doenças crônicas. Conhece alguém que se encaixe nestas categorias? Conhece alguém que conhece alguém que se encaixe nestas categorias? As chances de uma família inteira pegar o H1N1 se UMA pessoa pegar a doença são altíssimas!
VACINE-SE: ao SE proteger, você protege quem você AMA.
Para maiores informações, consulte o portal do Ministério da Saúde, e confira também a cobertura de artigos da rede ScienceBlogs Brasil.

Fonte: Ceticismo Aberto





Conclusões:
Só pessoas ignorantes, supersticiosas e alienadas se negam à tomar a vacina para a Gripe Suína. É comum ver na internet várias comunidades onde crentes fanáticos e loucos conspiratórios desocupados falam para as pessoas não tomarem a vacina. Esta corja de idiotas devia ser presa por atentados contra o sanitarismo e contra saúde pública. Para o psicólogo Ary Kerner de Belo Horizonte, o medo é fruto da ignorância científica " Alguns grupos religiosos cultivam um catastrofismo baseado em fanatismo religioso, então atacam as descobertas da ciência. Infelizmente faz part
e.Tomei a vacina aqui na FHEMIG (Fundação Hospitalar de Minas Gerais) e não foi notificado nenhum problema entre os mais de 10.000 vacinados. É mais do que necessário combater os boatos e os medos irracionais da vacina. Alguns sites crentes interpretam a vacina como sinal do apocalipse, o que é absurdo e infundado", afirma Ary.











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