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domingo, 20 de março de 2011

Criador de "House" se diz cansado e vê série se aproximar do fim


No Rio para evento televisivo, David Shore comenta fórmula da série

MARCELO BORTOLOTI
DO RIO

O canadense David Shore, 51, criador de "House", responde assim à pergunta sobre qual a hora certa para terminar um seriado: "A resposta, nos Estados Unidos, é quando a audiência cai. A resposta, para mim é quando fico cansado da história. Acho que "House" está definitivamente mais perto do fim que do começo. Estou começando a ficar velho e cansado e o Hugh Laurie também".
A fala demonstra que, em televisão, nenhuma fórmula, por mais original e atrativa que pareça, é inesgotável.
Shore esteve no Brasil na semana passada para participar do RioContentMarket, evento direcionado a produtores de TV.
Já em sua sétima temporada, "House" -exibida no Brasil na Record e no Universal- tem dois pilares sólidos: um argumento instigante e uma execução impecável. Segundo Shore, são oito diretores e 13 roteiristas para escrever os episódios.
Três médicos trabalham como consultores, revisando os roteiros e tirando dúvidas, e uma enfermeira acompanha as gravações no set.
Cada episódio custa, em média, pouco mais de US$ 5 milhões (aproximadamente R$ 8,4 milhões). Bem acima das minisséries da Globo, que costumam custar US$ 600 mil (R$ 1 milhão).
"Cerca de 90% dos episódios são sobre pacientes, suas histórias, as mentiras que eles contam e como o dr. House vai tentar desvendar tudo. O personagem é interessante e permite que se faça isso muitas vezes. O desafio é não tornar cansativo", afirma Shore.
Um certo cansaço começou a se esboçar na última temporada com uma aparente mudança de temperamento que dr. House (Hugh Laurie) demonstrou ao se relacionar com sua chefe, a dra. Cuddy (Lisa Edelstein).
Mas Shore não acredita que essa tenha sido uma manobra ruim. Segundo ele, o sucesso do programa deve-se a algo mais profundo.
"Acho que o que atrai o público são os dilemas morais e éticos apresentados e como o dr. House lida com eles."
Segundo o produtor, a ideia original era fazer um programa sobre médicos que resolviam casos difíceis.
A Fox americana considerou o argumento perecível e, com isso, ele e seu grupo decidiram incorporar o personagem cético com alto poder de dedução, inspirado no centenário detetive Sherlock Holmes.
Para Shore, o personagem sozinho não basta, foi a boa execução do argumento que garantiu o sucesso da série.
Ele explica que, para um programa dar certo, o autor deve focar o que pode ser interessante para ele e não o que o público poderia achar.
"Odeio dizer isto, mas não ligo para pesquisas", afirma. O tempo dirá qual a longevidade de suas convicções.

Folha-20 de Março

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