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sexta-feira, 22 de abril de 2011

Silenciosos demais, carros elétricos oferecem riscos para o trânsito



Carros elétricos silenciosos serão em breve coisa do passado nos Estados Unidos. O motivo é uma lei para melhorar a segurança dos pedestres, sancionada em janeiro de 2011 pelo presidente Barack Obama. A lei obriga automóveis elétricos e híbridos a gerarem um mínimo de ruído, como forma de aviso sonoro para cegos, deficientes visuais e transeuntes idosos.

Segundo estudos da autoridade de segurança do trânsito dos Estados Unidos (NHTSA), a probabilidade que ocorra uma acidente grave com um automóvel híbrido silencioso é duas vezes maior do que com um carro com motor de combustão convencional.

É possível regulamentar ruídos de trânsito?

O número assusta até os mais fervorosos defensores da eletromobilidade na Alemanha. O governo em Berlim pretende, até 2020, colocar ao menos um milhão de carros elétricos nas ruass e estradas do país. Caso nenhuma providência seja tomada, é possível que a segurança do trânsito venha realmente a ser comprometida, afirma o professor de acústica Wolfgang Foken, da Universidade de Zwickau.

"Eu presumo que o risco de acidentes com carros elétricos certamente vai aumentar." O engenheiro especializado em acústica de automóveis afirma, no entanto, que isso não vale para todas as situações no trânsito. "Carros elétricos são muito silenciosos principalmente na hora de dar a partida, no acionamento da marcha à ré ou para estacionar. Em todas as manobras feitas abaixo de 25 km/h o ruído é quase nenhum", diz Foken.

Por esse motivo, associações de cegos nos EUA defendem a obrigatoriedade da emissão de ruídos, e não são poucos os fabricantes de automóveis que já trabalham no desenvolvimento de ruídos artificiais. Já disponível no mercado, o carro elétrico Leaf, da Nissan, vem equipado com um gerador de som no compartimento do motor. Da mesma forma, o Prius, veículo híbrido da Toyota, produz ruídos desenvolvidos por designers de som.

Para que as montadoras não exagerem, há até mesmo um grupo de trabalho sobre o tema nas Nações Unidas em Genebra. Os funcionários da ONU estão definindo normas que deverão ser aplicadas a todos os veículos movidos à energia elétrica – sejam eles motocicletas, automóveis, caminhões ou ônibus.O principal objetivo dos inspetores da ONU: o novo som dos carros elétricos deve ser uniforme. Ruídos artificiais incomuns poderiam antes assustar do que alertar os cegos.


O Leaf, da Nissan, vem equipado com um gerador de som no compartimento do motor

Mas nem na Europa nem na Alemanha há um debate sério sobre a exigência de ruído para carros silenciosos. Para o pesquisador Pascal Teller, do Instituto Fraunhofer de Física da Construção em Stuttgart, está bem assim. "Em velocidades muito baixas deveria ser suficiente poder parar o automóvel ao ver que uma pessoa está entrando na zona de perigo", afirma.

Teller, que testa regularmente a acústica de automóveis de combustão, híbridos e elétricos, defende a educação e a vivência prática em vez da exigência de ruído. "Motores elétricos possuem níveis sonoros de frequência relativamente alta, uma espécie de ranger e piar", explica. Tanto deficientes visuais como pessoas com visão normal precisam primeiro reconhecer o que está por trás de um barulho estranho. "As pessoas simplesmente precisam se familiarizar com o ruído", afirma.

Antes de tudo, diferente

Mas também Teller leva a sério as preocupações com a segurança por parte das associações de cegos. Ele mesmo já simulou situações típicas de trânsito com deficientes visuais e acompanhou pesquisas. Sua principal conclusão: elétrico significa, antes de tudo, diferente!

Foken, por outro lado, já fez dos assim chamados "carros de baixo ruído" um de seus campos de pesquisa. Ele compila ruídos desenvolvidos artificialmente e realiza experimentos sonoros. O carro elétrico do futuro deve soar bem e continuar audível, resume Foken. "Não se trata mais de tornar os carros mais silenciosos, mas conferir aos automóveis um ruído com uma determinada qualidade."

Autor: Richard A. Fuchs / Bodo Hartwig (ca)
Revisão: Alexandre Schossler


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